O abnegado coordenador do Fórum das Entidades Empresariais, de nome Souvenir, conhecidíssimo pela comunidade ao ponto de fazer dispensável até mesmo a menção de seu sobrenome, invocou na última reunião do órgão um tema atávico nas preocupações de quem pensa a cidade e se preocupa (de verdade) com seus destinos.
Mencionando dados levantados e armazenados jornalisticamente, historiou que na década de 1990 contávamos nós, santa-marienses congênitos e adquiridos, em torno de 120 mil eleitores. No mesmo passo e período, a cidade de Santa Maria foi capaz de eleger até seis parlamentares, entre deputados estaduais e federais.
Ainda pelo debate suscitado, em franqueza e realismo pode-se não ter alcançado a unanimidade, mas o consenso de que dificilmente, para dizer o mínimo, a Boca do Monte repetiria a marca, expressiva, diga-se. Sim, eu sei: o fato é praticamente óbvio.
No entanto, a obviedade do debatido não retira a relevância da reflexão que precisa ser feita. Ora, hoje a cidade contabiliza em torno de 250 mil homens e mulheres aptos a votar nas eleições que se aproximam e, o número de candidatos daqui às vagas nos parlamentos do Rio Grande e de lá, em Brasília, gira por uma dezena, variando entre 11 e 12 pretendentes aos nossos votos.
Se é certo que a razão territorial não redunda no único fator de escolha de um postulante a cargo público eletivo, não me resta dúvida que a intimidade, o conhecimento, a sensibilidade, o apreço, a presença no torrão de onde saem a maioria dos votos que ungem alguém ao posto é questão relevantíssima a ser sopesada no ato da escolha, assim como a probidade, o comprometimento, a intenção, o preparo técnico, a vida pregressa, as propostas, as companhias, os serviços já prestados etc, etc, etc.
Só que não mais para o povo de Santa Maria. Ele tem sido indiferente para com o fator territorialidade do candidato e se mostrado bastante vulnerável a nomes de outras cidades e até regiões do Estado que, ao aportarem aqui, fazem votações expressivas. E só, nada mais.
Não venho para dizer que são bons ou maus políticos, candidatos ou mandatários, os qualificando apenas por serem de acolá. Apenas assevero que, em grau exagerado, penso eu, o santa-mariense não deva simploriamente ignorar o fato. Não olvidemos que, certa feita, não elegemos o idealizador, construtor e eterno reitor da Universidade Federal de Santa Maria sequer deputado federal. E tantos outros, que nunca mais voltaram, ou preteriram esta terra para elevar aquela onde nasceram, levaram milhares de votos nossos.
A situação de Santa Maria, da forma que vemos, todos os dias, se deve a isso também.
No sistema político atual, uma hora ou outra, os eleitos terão de optar por uma comunidade a quem defender. Optarão pela sua, não tenhamos dúvida.
Pode não ser o correto, mas é assim que funciona. Vale a pena pensar no assunto, não é mesmo?